Medidas da Disparidade de Renda

A desigualdade econômica pode ser medida de várias maneiras: pela distribuição de riqueza, renda ou consumo, ou entre raças, sexos, regiões ou indivíduos. A imagem resultante pode variar muito. Na América, por exemplo, a diferença de renda entre negros e brancos, homens e mulheres, tem diminuído ao longo dos últimos 30 anos, mesmo que entre os indivíduos tenha aumentado. As disparidades no consumo são sempre menores que as disparidades de renda, porque as pessoas poupam e tomam emprestado para suavizar seus padrões de vida. A distribuição da riqueza é geralmente menos igualitária que a distribuição dos rendimentos anuais. As diferenças entre rendas pré-taxação são maiores que as da renda disponível depois de impostos e transferências governamentais.

As principais medidas de desigualdade econômica utilizados no Relatório Especial do The Economist são os coeficientes de Gini para a renda disponível e os dados consumo extraídos de pesquisas domiciliares. Essas pesquisas são hoje realizados em quase todos os países. No mundo rico e na América Latina, os coeficientes oficiais de Gini são geralmente baseados em renda. Na Ásia e na África, números baseados em consumo são mais comuns.

As comparações entre países pode ser enganosas. Desigualdade na Índia, por exemplo, muitas vezes é descrita como sendo menor do que na China. Mas coeficiente de Gini da China de 0,48 mede desigualdade de renda, enquanto Gini oficial da Índia de 0,33 mede desigualdade de consumo. Peter Lanjouw e Rinku Murgai do Banco Mundial calculou um Gini de renda para a Índia que, atingindo 0,54, é muito maior que o da China e perto do Gini do Brasil.

Outro problema é que existem várias bases de dados internacionais, todos ligeiramente diferentes. Também as pesquisas domiciliares não são boas em capturar a desigualdade no nível superior, porque é quase impossível conseguir que os ultra-ricos tomem parte nelas. A melhor informação sobre as rendas mais altas vem de declarações fiscais, graças ao trabalho pioneiro por dois economistas franceses, Emmanuel Saez e Thomas Piketty, junto com um britânico, Anthony Atkinson, e um argentino, Facundo Alvaredo. Estes quatro construíram uma enorme base de dados de rendimentos de topo que agora inclui 26 países. Suas estatísticas alcançam um passado muito mais distante do que as pesquisas domiciliares (no caso dos Estados Unidos, até 1913).

Coeficientes de Gini e da parcela de renda superior podem pintar quadros diferentes. O Gini da Argentina, por exemplo, caiu drasticamente na última década, assim como a parcela de renda que vai para o top 1% aumentou. O Gini da Alemanha aumentou 32% desde o início de 1980, mas a parte da renda vai para o topo muito mal se moveu. Uma razão é que as estatísticas abrangem diferentes pessoas, outra é aritmética. Os agregados de Gini captam todas as disparidades, por isso é uma medida-resumo melhor, mas ele não lhe diz onde as disparidades estão crescendo.

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