Por que as crises econômicas seriam provas de que tomamos decisões econômicas emocionais?
Discordo da proposição, porque crises econômicas são fenômenos sistêmicos resultantes de interações múltiplas decisões, tanto racionais quanto irracionais, durante um longo tempo. Além disso, há instituições, regras, leis e políticas econômicas equivocadas que também insuflam a crise, tudo isso em dimensão internacional, quando a economia é aberta.
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Toni Sciarretta e Natuza Nery (FSP, 25/09/12) dão informações importantes sobre Portabilidade do Crédito Imobiliário, ou seja, mobilidade do que antes era imóvel. Assim como as demais portabilidades, deve fomentar a competição entre os bancos. Mudar o empréstimo imobiliário de um banco para outro com juros menores pode ficar mais fácil a partir de outubro de 2012. O governo deve regulamentar a lei que desobriga o mutuário a fazer um novo registro do imóvel quando muda de credor. Bastará fazer uma averbação da mudança, o que pode custar 60% menos do que um novo registro completo.
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TD 1762 – Existe Bolha No Mercado Imobiliário Brasileiro?
Mário Jorge Mendonça e Adolfo Sachsida / Brasília, 2012
Download: Existe Bolha no Mercado Imobiliário Brasileiro?
RESUMO:
Este estudo tem por objetivo avaliar a possibilidade de existência de “bolha” especulativa no mercado imobiliário brasileiro. Para tanto, os autores estudaram e empregaram diversas metodologias, tanto em nível microeconômico quanto em nível macroeconômico. De maneira geral, os resultados apontam para a possibilidade concreta de existência de uma bolha no mercado de imóveis no Brasil. Segundo os autores, a Teoria Austríaca do Ciclo Econômico (Tace), reforçada por técnicas estatísticas, fornece uma base teórica sólida para apontar o governo federal, por meio de suas políticas fiscais e de estímulo ao crédito, como o principal responsável pelo surgimento desta bolha. Por incrível que pareça, os técnicos do IPEA criticam “a insistência do governo em aquecer ainda mais um mercado imobiliário já aquecido, o que só tende a piorar o resultado final.”
Palavras-chave: bolha imobiliária; Escola Austríaca; modelos de vetores autorregressivos (VAR); política monetária; política fiscal.
COMENTÁRIO INICIAL: desconfio que os autores buscaram mais provar a validade da Teoria da Escola Austríaca, que está grassando entre os neoliberais anti-governo… Afirmar que “o governo aquece ainda mais o mercado imobiliário”, quando a Caixa usa de recursos do FGTS para combater o déficit habitacional – 7,9 milhões de unidades habitacionais, sendo 91,5% para famílias com renda abaixo de 5 salários mínimos -, através do Programa MCMV, parece ser apriorismo que leva à conclusão mais ideológica do que científica!
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Compartilho artigo que recebi de Teotonio Resende, diretor de Habitação e Infraestrutura da Caixa, um dos maiores especialistas em financiamento habitacional no Brasil. Eu tive o prazer de conhecê-lo na minha estadia na Caixa. Ele publicou esse artigo na última edição da Revista S.F.I. Trata de um tema que deve estar em debate nos próximos meses: a Portabilidade do Crédito Imobiliário.
Leia: TEOTONIO RESENDE Portabilidade do Crédito Imobiliário
Felipe Marques (Valor, 14/08/12) parte do exemplo do endividamento de um taxista e, partir desta amostra unitária, extrapola para as famílias brasileiras, incorrendo no chamado viés heurístico da representatividade: é com base no “conhecimento popular” de estatística que se infere as chances de ganho ou de perda. Os investidores (e os jornalistas) utilizam regras intuitivas de probabilidades, que não seguem a lógica racional da estatística científica, para avaliar a ocorrência de algum fato. Por exemplo, se algum resultado já ocorreu várias vezes, acha-se que a probabilidade de ele se repetir decai, mesmo sendo evento independente. Tomam decisões baseando-se em estereótipos ou mesmo preconceitos. Não avaliam se o tamanho da amostra é representativa, por exemplo, confiam em opinião de uma única pessoa sob a crença que basta pequena amostra para representar grupos de indivíduos similares.
Pedro Cavalcanti Ferreira e Renato Fragelli Cardoso são professores do pós graduação da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (EPGE-FGV). Eles publicaram artigo (Valor, 15/08/12) que expressa bem a posição neoliberal a respeito do FGTS. Esta corrente, que adora O Mercado, faz demagogia populista, querendo incentivar o individualismo dos trabalhadores e obscurecendo o fato de que o FGTS é o principal funding para o financiamento de Habitações de Interesse Social. O déficit habitacional brasileiro se concentra em camadas abaixo de 3 salários mínimos que não tem condições de renda para pagar o financiamento sem subsídio social do FGTS e do Tesouro Nacional. Reproduzo o artigo abaixo, para o leitor avaliar.
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Mariana Sallowicz (FSP, 12/08/12) informa que o forte crescimento do crédito imobiliário durante os últimos anos fez com que os bancos concentrassem esforços para reduzir a burocracia nessas operações, que estão entre as mais complexas do sistema financeiro. O total financiado com recursos da poupança aumentou quase 45 vezes entre 2002 e 2011, quando chegou a R$ 79,9 bilhões, de acordo com dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). A previsão é encerrar este ano com R$ 95,9 bilhões.
O crédito imobiliário ficou mais atrativo para os bancos após a criação da alienação fiduciária, usada desde 2002. Hoje, esse é o segmento de maior crescimento do crédito brasileiro. Nesse tipo de garantia, a propriedade do bem fica com a instituição durante o financiamento, facilitando a retomada do bem em caso de inadimplência.
Apesar de não ter um grande “spread”, isto é, diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o quanto cobram dos clientes, é um produto de longo prazo que fideliza o cliente por muitos anos. O prazo máximo do financiamento é de 35 anos.
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